24.6.09

Ando escrevendo bastante por aqui.
Mas também há 3 dias que não saio de casa, na cama com filmes do W. Allen, para ver se entendo a interpretação do ator no cinema e de quebra ainda reflito sobre relações.
Converso muito com meu amigo, esse aí de baixo, só pelo telefone e falamos muito sobre a vida, sobre os rumos, sobre as relações, sobre o sexo vazio, sobre carências, sobre velhice, sobre morte, sobre amizades longas, sobre trabalho, sobre falta de dinheiro, sobre tristeza, sobre mudanças, ........................ sobre .......................
Ontem liguei para a minha avó, ela está com câncer no pulmão. Queria que ficasse uns dias aqui comigo, pelo menos nos dia da quimioterapia, para caminharmos na praia, ir ao museu, ver uma peça, pegar um cinema... mas ela disse que não tem vontade de nada, de nada mais nessa vida.
Os ossos não agüentam mais o corpo, os músculos quase não existem mais, fome não há, o estômago dói, tudo dá enjôo.
Nesses dias tive de novo a sensação do vazio quando acordava. Nem todos os dias, mas alguns. Já fazia muito tempo que não sentia aquele vácuo. Mas fiz questão de ficar aqui. De pensar, de ler, de arrumar, de me arrumar, de me cuidar. O meu pulmão também está entupido esses dias, não consigo nem respirar.
Pensei em muitas coisas que fiz, que não faria novamente e penso que só vivendo mesmo para se aprender. A minha avó sempre diz que eu não sei de nada. Eu ainda não sei tudo, mas algumas coisinhas eu já sei viu ? Eu só não consigo ainda pensar em qualquer coisa, seja ela trabalho, amizade, a criança na esquina, o final da tarde, o beijo na boca, sem passar pelo coração. E nem sei se quero aprender a não ser dessa forma. Minha avó sempre falou: "sua mãe era igual ao pai dela, coração mole." Não sei se o meu é tão mole assim, mas que tudo passa por ele, isso é fato e eu sinto no meu corpo e no meu bolso, sempre.
Finalmente meu amigo (aí de baixo) me consegue tirar de casa, fomos a um espetáculo de dança lindo no João Caetano, depois um caldinho de feijão nas mesinhas do lado de fora do CCC, com as músicas de show no fundo. Eu adoro essas coisinhas simples e maravilhosas. Li algumas poesias suas, dei meus pitacos no evento do lançamento do seu livro e continuamos nossas "reflexões da semana". Pegamos o metrô e cheguei em casa já com o silêncio da vizinhança.
Amanhã espero estar respirando melhor porque tenho produção da peça, ensaio, fotos para fazer e quimioterapia na vovó.
Amanhã vai ser outro dia...



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