Julieta Envenenada

a gente estava num carro aberto, como um bugre, sentados em cima, com os pés no banco. a minha pasta de negócios estava aberta e toda hora voava dinheiro, muitas notas de 10, 20 5o reais voavam à vezes, mas era possível pegá-las, nada foi perdido, até que resolvi fechá-la de vez, mas nem sei se fechei ou não. tinha uma interrupção na rua, bem na praia do flamengo. agora eu já estava no banco da frente do bugre, ela estava do lado de fora, sorridente, descalça, short vermelho e blusa roxa, lilás, por aí.. falei "então vem com a gente", puxei-a para o meu colo, uma perna minha estava dobrada, com o pé no banco, ela ficou entrem mim e minha perna. Eu a abraçava, a protegia, ela gostava. demos ré e fomos tentar a outra via, que também estava fechada, só passavam pessoas a pé. então eu a peguei no colo e coloquei nas minhas costas, seu bumbum estava no meu ombro esquerdo e as pernas deslizavam pela frente do meu corpo, sua cabeça em minhas costas. o seu corpo foi cada vez pesando mais. a princípio ela estava brincando de jogar o corpo relaxado em cima de mim, mas reparei que seu short que agora era um que eu tinha, quadriculado, azul e verde, escorregava, deixando sua calcinha de algodão branca a mostra e consequentemente seu bumbum. as pessoas olhavam, nada demais, a passagem estava cheia de gente e as pessoas naturalmente olhavam. tentei colocar o short de novo no lugar, mas ele sempre escorregava. então percebi que ela não se mexia, que caída ficava sob mim. peguei- a no colo, ela não tinha vida muscular, mas sorria, sorria aquele sorriso cheio de dentes amarelados, aberto, feliz pra mim, ou por mim. ela estava morta nos meus braços, ou sem força, ou frágil demais, mas ela sorria.

depois sua cabeça, só a cabeça com seu sorriso largo e cheio de dentes amarelados, era o mesmo sorriso que ela me fez na última vez, ela ficou muito tempo assim até dizer que estava muito feliz pela peça que eu estava fazendo.

sua cabeça, era só a cabeça, estava em um pires branco.