10.7.12

aniversário

falei com ela chorando, era a primeira vez que estive deprimida no aniversário.
pensei na idade, pensei na distância da pátria.
na carência.
no medo da velhice, no medo do futuro.

nadei no lago, fiquei embaixo do chafariz pegando sol.
fizeram um bolo de cereja, presentes surpresas
meus novos amigos fizeram questão de irem lá.
posso dizer que tenho amigos aqui, em tão pouco tempo
eu tenho sorte.

mas foi o brilhinho que usei na tarde anterior.
dentro do banheiro sujo de luz vermelha.
não quero mais passar dias tristes na minha vida.
trabalho fortemente para isso, a cada dia.



7.6.12

para Cecília

Berlin, 07 de junho de 2012.



Amiga, eu tô feliz.

Ontem me perguntaram se eu era triste, já que eu parecia ser muito feliz. Eu disse que era feliz, que eu decidi ser feliz, depois da minha infância de merda. e quando não estou feliz eu vou embora. quem me perguntou achava que eu estava certa, apesar de eu dizer que tinha medo de ficar só por ser assim.

Eu comecei a fazer uma residência artística na segunda-feira. está sendo legal. Morando com 11 pessoas, todos artistas, todos de um país, todos diferentes. 
também fiz uma performance baseada em Antígona dentro do metrô. foi bem legal. vamos fazer na semana que vem em um outro festival de performance e em agosto vamos para estocolmo. em agosto também é o final da residência em que tenho que exibir o que criei aqui na casa. ui, ui, ui. 

Eu acho que parece que eu estou mal, pq só tenho vontade de escrever quando algo me incomoda e claro que que dou uma exageradinha para ficar mais interessante.

Volto em setembro, estou decidida, mas não sei por quanto tempo fico no Brasil, nem o que vou fazer, nem onde vou ficar. Mas preciso dar um abraço nos meus amigos, caminhar na praia, mergulhar no mar, ver a minha família, beber cerveja gelada e amarga nos boteco sujo. Mas eu sei que ainda tenho muito a aprender por essas bandas daqui. 

Um beijo, saudade, beijo no fofuxo do Gab!!

Camila







14.5.12

free love

uma menina aqui em Berlin engravidou de um cara, que não era seu namorado. ela falou que estava grávida para os dois, mas não sabia que de quem era. o namorado esperou sair o resultado do exame, o outro já tinha dito que mesmo que não fosse dele, ele assumiria a criança e ficaria com ela.
a criança não era do namorado. o ex amante agora é marido e os 3 juntos fazem uma família.

no momento em que comecei a ouvir essa história, na mesma hora pensei: já me aconteceu algo parecido. não de ter ficado grávida, mas de achar que estava grávida e não ter idéia de quem seria caso fosse mesmo. e me lembro que na época me senti péssima por isso, me senti o pior dos seres, me senti uma mulher "fácil". fui super machista comigo mesma.

depois de ouvir essa história, fiquei um pouco mais livre. aqui a cada dia me sinto mais e mais.
muito feliz de viver e aprender dia a dia que eu posso não apenas querer, mas SER realmente mais livre.
e isso eu tenho como direito.

10.5.12

aula de balé

no dia em que a minha mãe morreu, eu fiquei em casa vendo a xuxa, foi isso que a minha mãe me pediu, para que no seu enterro eu ficasse em casa vendo tv. depois eu fui para a aula de balé. aquela música triste me fez chorar enquanto eu fazia os movimentos pesados de forma leve.
ontem na aula de balé, 24 anos depois, senti a mesma tristeza, eu era a mesma menina, do dia em que a minha mãe morreu, na aula de balé. aquela música triste, um esforço enorme e o disfarce da leveza.
estava novamente só, no meio de todas as moças.







25.4.12

então eu fui para lá, fiquei de bar em bar bebendo, no balcão mesmo, sozinha. os homens chegavam ou olhavam, troquei telefone, sem querer. mudei de bar, mudei de novo. voltei bêbada, claro e descobri que os homens, principalmente o dj, são todos uns fracos e idiotas.

23.4.12

coisa mais legal falar palavras numa língua que se desconhece, nunca falou, não sabe o significado, apenas tenta copiar o som da melhor maneira possível.
coisa mais linda, me segurei, mas não resisti, comecei a chorar.
respirei.
retornei.
coisa mais linda.

15.4.12

sobre a solidão






sempre que meu corpo dói eu penso na morte, eu penso na solidão eu penso na perda de tempo, na falta de amor, na procura de paz, nos caminhos bonitos, nas dores passadas, na minha mãe que já foi faz tempo e que depois dela ninguém mais me fez surpresas quando eu estive doente. quando eu fico doente, eu fico carente, eu esqueço da vida, eu quero morrer. eu perco o sentido, só foco na dor, lembro da minha avó no hospital, nela sangrando e me culpando aí eu sinto mais dor. aí eu quero morrer e a dor, ela nunca passa.

5.4.12



Como é que é ter uma irmã modelo?
Era o que eu queria perguntar a ela.
Porque modelo é modelo de beleza e ter uma irmã que é modelo de beleza quando se é adolescente não deve ser fácil, por mais que você seja muito bonita, como você é        e sabe disso.
Mas modelo é aquela coisa, perfeito, como sonhado, como todos querem, com muita felicidade,  sem problemas, unhas feitas, cabelos brilhosos, sem espinhas, sem barriga, sem celulite. Sei lá.. não deve ser fácil não.
Agora estou na minha cama. O céu finalmente abriu e os raios entraram pela casa. Coisa mais linda. Estou com febre. Hoje um pouco melhor, mas ainda mal.

Me sinto mal, pela febre 
e pelo menino.
Que era uma graça, todo sujo de glitter no rosto, um bebê holandês, que não soube responder de onde tinha vindo aquele monte de purpurina, rocei um pouco meu rosto no dele e o trouxe para a casa. Precisava daquele menino ou qualquer outro bonito que me passasse naquele momento. Depois virei uma aranha, queria que o macho morresse, mas ele não morreu, tive que ficar na minha e falar inglês até ele ir embora as 4 do dia seguinte.
Agora me sinto mal. Não sou uma aranha, não quero matar ninguém, mas e eu,  que nem tenho um macho... Moro numa casa em que o sol ilumina a cama, mas ela continua vazia.
wie mein Hertz.

16.3.12

um certo horror

Eu vejo as fotos. Tenho um certo horror dos caras barrigudos de sunga fazendo churrasco e contando piadas. Já fico imaginando a música que toca. Não, não queria ter essa vida de casada, com filhos, sogros, almoço de domingo, tendo que ser educada com tudo e com todos, gorda, filhos remelentos e chorando atrás de mim.
Não queria mesmo. Por enquanto não.
Ainda me sinto como que descobrindo a vida. Eu quero ficar em casa sozinha mesmo, lendo meus livros, ouvindo as minhas músicas sem ninguém para me atrapalhar.
Talvez um dia eu até queira. E talvez esse querer chegue meio atrasado. De repente eu só queira na hora em que o trem já tenha passado.
Eu não sei do futuro, não pago previdência.

Espero que nada de mal me aconteça.
Enquanto isso saio quando quero, no meio da madrugada, para beber e falar outras línguas em algum bar aqui perto de casa. Escolhi viver num lugar em que me sinto segura de andar bêbada pelas ruas escuras.


8.3.12

Aqui da minha janela eu vejo uma drogaria na frente, a mais famosa de Berlin. eu quero ir lá comprar óleo para o corpo, aqui a pele fica muito seca. com uma caneca de café na mão eu olho a rua. eu moro agora numa rua principal, depois de morar no Rio numa rua principal prometi a mim mesma que nunca mais. Mas a rua principal na Alemanha não é a mesma, até porque as janelas são duplas. faz sol. do outro lado tem um parque, que está pelado por causa do inverno. espero o frio passar para andar de bicicleta e pegar sol nos parques, tomar vinho a tarde em um café.
espero uma resposta do cara mais lindo que já beijei na vida. ando beijando caras lindos aqui, mas eles não respondem minhas mensagens. só os malas... mala tem em qualquer lugar do mundo. estou começando a achar que sou mala também. me disseram que eu sou complicada, que eu vivo no meu mundo e que somos diferentes. pensei sobre isso, ando pensando sobre isso, mas ouvi isso de alguém que apenas me beijou, não transou comigo e tem namorada. eu espero por ele, acho que nós temos que transar antes dele não me querer ver mais pelo resto da vida. aqui em Berlin as pessoas não transam, apenas se beijam. por um lado é bom, não se engravida, não se pega doença.
o que eu queria mesmo era passar 3 dias nessa cama com sol, sem fazer nada, com alguém que eu pudesse conversar horas e transar. faz muito tempo que eu não faço isso.

7.3.12

eu era ela nua coberta



Tomei um susto quando vi aquele vulto preto. Não tinha pele, nem rosto, não existia voz. Uma mulher magra, totalmente coberta com uma bolsa preta na mão. Me deu um frio junto a uma tristeza profunda. Fiquei do seu lado, para ver a reação das pessoas e a dela também. A expressão das mulheres era mais nítida, a dos homens não, era meio confusa para mim.
A dela, era ausência.
Em uma cidade onde me sinto cada vez mais livre para ficar despida de machismo e preconceito,  uma mulher de burca preta, sem olhos, com o rosto coberto, sentada ao meu lado, em pleno metrô.


25.2.12

um susto

A paixão (do verbo latino, patior, que significa sofrer ou suportar uma situação dificil) é uma emoção de ampliação quase patológica. O acometido de paixão perde sua individualidade em função do fascínio que o outro exerce sobre ele. É tipicamente um sentimento doloroso e patológico, porque, via de regra, o indivíduo perde parcialmente a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio.


Letuce - 12 - Sutiã

22.2.12

mensagem para M Claire

olha que doido, tava pensando em vc, que deveria estar em Paris, na minha aula de dança. vixe maria. pq vim por todo o caminho pensando nessa vida doida que temos. na falta do seu pai, que te dói, e que é uma grande referência para mim e por isso que vc gosta de homens mais velhos. , eu deveria gostar tb pela falta do meu, mas por coisas que aconteceram eu tenho até nojo, mas sinto que ando mudada aqui em Berlim, já não sinto isso não, talvez tenha me 'curado' dos abusos que sofri qdo era criança. dos abusos da vida que sofri até a adolescência. e agora eu só quero é ser feliz, deve ser por isso a simplicidade, acho que nela que estão os maiores prazeres da vida.
também gosto de vc. mande notícias, vamos agitar essa temporada em Portugal. (precisando de ajuda estou aqui para problemas práticos e afetivos, mesmo)

20.2.12

modelo






agora virei modelo
nua
(essa foi a minha primeira pose)
e faço aulas de pintura também
como são bonitas as misturas da cores !!
tento descobrir porque odiava tanto as aulas de educação artística

19.2.12

mensagem para a Julia

Que bom que está tudo bem contigo! Que bom receber notícias suas!
Comigo também tudo bem... mas ando repensando o que ando fazendo por aqui. e fico um pouco tensa, e penso em ir para um outro país... me chamaram para ficar uns meses em Portugal. aí eu penso: pq não?? vi hj o filme da Marina Abramovic e fiquei com muita vontade de retomar meu trabalho, pensar numa nova performance, sei lá e fico angustiada, pq nada é para amanhã, leva um tempo.. e temos que ter calma né?
Sim, saudade de Berlim, fico com medo disso, de ir e querer voltar.
Se cuida, aproveita o Brasil!
Um beijo!

assim


gosto da simplicidade arrebatadora

10.2.12

me faltava o amor


tive que ir embora da aula porque tudo estava girando, parecia bêbada.
fui caminhando cambaleando pelo corredor, às 11 horas da manhã, tinha sol, neve no chão.
dormi a tarde toda.
e mesmo assim....
continuava pálida, fraca.
me faltava o amor.

25.1.12


Amor é querer a felicidade e a liberdade da outra pessoa, para que ela vá e volte quando quiser.






Trotsky e Frida foram amantes durante um ano e Diego não gostou nada da história. 
Trotsky não entendeu.
Também não entendo.

24.1.12

nina

O show da Nina foi um fiasco. Virou evangélica, o repertório era dedicado a Jesus, Deus, Senhor. Levou 3 horas e meia com pausa para o café e conversas com convidados. Queria salvar o mundo. Fui embora, quase pedi meu dinheiro de volta. Não agüento essas mulheres loucas que viram evangélicas depois de velhas.

Quero viver aqui em Berlin para sempre. Enquanto ele durar.
Meu alemão anda melhorando, já consigo conversar.
Procuro um casaco de pele branco, falso.
Faço aulas de dança, quero cantar jazz.



Espero não virar evangélica ou coisa do tipo depois dos 60.

5.1.12

das Kindergarten

toalhinha amarela
aula de balé clássico
cabelo curtinho
caminha de solteiro
bicicleta azul
show da Nina Hagen.


infância

3.1.12

estava aqui olhando para você

Da minha janela que dá para o céu posso ver a lua que está crescente. Não se pode bobear, o tempo muda, o tempo todo, mas a luz da lua reflete em minha cama. 
Ai.
Como eu queria alguém para deitar e ver estrelas.

21.12.11

Viva

A chuva, céu nublado, neve. Quando vem o sol, é dádiva!!! Mas acaba cedo ou muda logo.
Tenho um quarto no último andar do prédio com uma janela que dá para o céu, fico sempre iluminada pela noite ou pelo dia, na presença das estrelas, da lua, mesmo com a neve escorrendo ou a chuva sapateando, de vez em quando tenho a honra de ter a companhia do sol.


                             Wranglerstrasse, Berlin

20.12.11

de mudanças

Desde que cheguei aqui ando bem mudada. Gosto dos homens mais velhos, gosto de acordar cedo e de dividir a casa e as despesas com outras pessoas além de não ter mais vontade de comer carne, nenhuma, nem peixe, nada. Não sei o que me acontece, só me sinto diferente. Também, tudo é diferente, o tempo, o clima, as roupas que visto, as pessoas e a neve. Sim, neva lá fora e isso é muito lindo.

Vi esse videozinho e me lembrei como era chato ser vegetariana, na época que eu era e como estou me tornando novamente....

19.12.11

tonta

meu corpo dói
durmo
tá frio lá fora
faz calor aqui dentro
não sei o que me aconteceu


acordo, tomo banho, 
quase não como
e você
e você
e você

15.12.11

aqui

onde estou é o meio do mundo, com um monte de gente, falo todas as línguas, o inglês é o esperanto. aqui é a utopia realizada. aqui até o cara sujo caído bêbado na rua é bonito e a moça que pede dinheiro tem casa, plano de saúde e ainda recebe para viver.
o monte de papel, o jeito de falar, as expressões das mãos, do corpo, o individualismo, o medo de amar. aqui, volto ao meu passado e me sinto incomodada mas me sinto acolhida também. aqui vivo com mais dignidade. faço aulas de dança e de alemão. nos tempos livres vejo filmes, tv, espetáculos de dança, vou ao museu, saio por aí, bebo com os amigos, bebo sozinha, bebo, aqui o raxixe é verde e tem um cheiro ótimo, viajo, danço, liberta, caminho nas ruas com o vento gelado batendo em meu rosto. ando muito de bicicleta, me perco e adoro me perder. perdida tenho a chance de descobrir mais coisas. aqui os homens gostam do meu cabelo encaracolado. acham bonito. pegam meu telefone, me chamam para sair, me buscam, me levam, me levam para jantar, pagam o meu café e depois se despedem, sem me beijar.
exílio
sexual

agora uso creme para não ressecar a minha pele.
amanhã vou cortar o meu cabelo bem curto, como quando eu tinha 4 anos de idade.


hamlet:maschine Ophelia

nightmarebeforevalentine | Myspace Video

28.11.11

2 meses em Berlin.
Ando apaixonada por essa cidade, não penso em voltar enquanto essa paixão não acabar.
Hoje revi esse vídeo que as minhas amigas (Flávinha Espírito Santo e Pri Fialho) fizeram na minha despedida no Parque Laje no Rio.
Eu toda cheia de sacolas, recolhendo as coisas do piquenique, com o cabelo tão escuro meu deus! eu não pintei, juro!!
Enfim, posto aqui o vídeo, com meus amigos, que dia gostoso, que seguiu na noite.
Saudade doce.





22.11.11

Talvez faço da minha mais complicada a vida do que é.


A gente vai aprendendo por mais que a vida vá se tornando menor.
O não dói nos músculos , a resistência é dura.
Apreendida.
Ë bonita de certa forma tb. Não há prazer,
não há degradação,
nem destruição.

.

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