1.8.08

Primeiro de Agosto


Hoje seria aniversário da minha mãe. Da minha mãe que foi embora quando eu tinha 9 anos, que antes ficou um mês no hospital, e que a última vez que a vi estava em coma, mas quando me viu, abriu um grande sorriso.
A minha mãe que todos gostavam, que era uma pessoa super simples, tinha milhões de bichos e fumava para caramba. Lembro-me que tinha uma voz grave, ouvia "Cidinha Livre" todas as manhãs num radinho de pilha e sempre tinha um cinzeiro cheio de cigarros e livros ao lado do seu colchão que ficava no chão.
Minha mãe que tinha um fusquinha azul, depois uma variant creme que tínhamos que prender a porta com uma corda. Antes de mim teve um karmanguia vermelho.
Minha mãe que me teve solteira, que correu risco de vida para ter uma filha, que foi chacrete, que foi uma das primeiras mulheres a usar mini-saia, e que dançava no programa do Chacrinha com uma cobra coral enrolada no braço.
Minha mãe que foi bailarina do Municipal e atriz da TV Tupi, que era palhaça, que uma vez me colocou em cena com ela, ía andando e eu atrás, sem saber o que fazer, só ouvia o som do público.
A minha mãe que amava demais, que queria demais, acho que herdei isso dela.
Minha mãe que era leonina, que me deixava livre, mas que me protegia.
Minha mãe que me faz falta.
Minha mãe.
Mãe.



Pela primeira vez me sinto mais preenchida com a sua presença. E mais não digo, falarei muito no dia 08, por isso me sinto cansada e ansiosa.


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