Saio pela rua a pé, caminhando pela noite, as ruas vazias, eu e minha bolsa amarela, minhas calças boca de sino que escorregam pelos meus quadris e se arrastam pelo chão, escondendo meu sapato de plástico laranja. O vento é fresco, mas não é puro. Não tenho medo de estar só, pelo contrário, caminho em qualquer direção e assumo a que tomo. A bolsa é pesada, mas me sinto leve, deixo o vento bagunçar os meus cabelos, vou para qualquer lugar depois que eles se foram. Ninguém mais para dizer se é perigoso ou não.
Posso até pegar um táxi, mas de ônibus pela madrugada é mais infantil. Agora não tenho mais medo se só existem homens. Abro a janela e deixo o vento gelado e agressivo entrar na minha cara. Encontro a colega no ônibus ao lado. Penso na vida da gente que trabalha à noite e volta de madrugada, de ônibus, porque o glamour acaba na hora que se fecham as cortinas. Penso no desprezo que tenho pelas pessoas que se lambem e que são medíocres, penso na minha amiga que mora bem longe da civilização.
Desço bem longe de casa, ando pela grande rua, compro chocolate na esquina, pode-se comprar drogas em qualquer esquina na madrugada. Caminho lentamente no meio da rua, saboreando o cheiro e o sabor do chocolate, enquanto os carros piscam seus faróis, olho o museu que um dia um presidente se matou. Os jardins são bonitos. Entro no bar da esquina, mas sento sozinha na mesa lá fora. Sozinha, olho o movimento. Mesmo de madrugada, crianças brincam em cima da área do metrô. Uma menina faz o seu show imaginário, como eu fazia, no meu quarto e no quintal. O palco era a passagem de cimento que era feita para que os carros fossem até a garagem.
Fico por lá um tempo, esperando alguém, que nem sei quem é.
Levanto e continuo até minha casa. No correio, as mesmas coisas. Alguns vermes a se vender também.
Gosto do meu tapete, da minha luz indireta, da liberdade de morar sozinha e fazer o que quiser. Gosto de estar sozinha, gosto de andar a vontade sem ninguém me tocar, gosto de falar com quem quiser no meio da rua, gosto de ser eu mesma.
Penso no feliz para sempre que não existe.
Tenho medo de gostar muito de ser só.
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