1.2.09


Naquela época éramos só nós duas.
Ela me acordava fazendo massagem no pé, passava creme antes de colocar a meia. O meu lençol era da panteira cor de rosa e eu usava camisolinha de algodão. Ela me deixava livre. Me levava para a escola com seu fusca azul. Quando eu chegava em casa, às vezes ela nem estava, então eu tirava o uniforme correndo e ía brincar lá embaixo até ela me chamar da varanda. Ela me deixava dormir na hora que eu quisesse. Às vezes me buscava no ballet e íamos comer na pastelaria.
Ela não me rejeitava, ela me amava, éramos só nos duas com a nossa vidinha cotidiana.
Eu era muito feliz.
Um dia vi um filme tão triste em que o homem morria e eu fiz com que ela prometesse que nunca me abandonaria. Ela prometeu.
Mas se foi, assim, no dia do meu aniversário. Me abraçou no sonho e disse que amava muito.
Senti muita dor de cabeça e vomitava. Não conseguia dormir. Não tinha vontade de viver.

Mas cresci, com muita dor de cabeça e vontade de vomitar.
Hoje ainda sinto sua falta, não durmo, falta-me amor, falta-me ar.


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