Quando era pequena não podia ver um filme com cachorro, ficava arrasada, corroída, rosto imenso e inchado, o bicho passava por milhões de dificuldades e no final sempre morria. A avó sempre falava que aquilo era tudo de mentira, tudo maquiagem, era tudo fingimento.
Hoje se tacou no cinema, com fome de filme e de ar.
Nessa história, era o dono do cachorro que morria.
E o cão durante 10 anos ía até a estação de trem esperar pelo seu dono.
Ela se conortocia na solidão de uma cadeira da segunda fileira de um cinema numa tarde de um feriado ensolarado do Rio de Janeiro.
A corrosão era a mesma de quando criança, só que dessa vez ela era mulher e a avó não estava mais lá para dizer que aquilo tudo era uma mentira, porque não era, a própria avó tinha sofrido e morrido na semana anterior e dessa vez não era maquiagem.
E o cão sempre voltava e ela era ele que sempre espera um momento que nunca vai voltar.
E continuava a chorar abraçada nos seu próprios braços.
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